sexta-feira, 22 de abril de 2011

Gravidez na adolescência - Crítica ao filme "Juno"

A palavra adolescência vem do latim “adolescere” que significa “fazer–se homem/mulher” ou “crescer na maturidade” (Muuss, 1982 apud Kimmel & Weiner, 1995, p. 2), sendo que somente a partir do final do século XIX foi vista como uma etapa distinta do desenvolvimento (Reinecke, Dattílio & Freeman, 1999). 

A sociedade em que vivemos tem passado por diversas mudanças estruturais sendo cada vez mais tolerante e permissiva no que toca à aceitação de relações sexuais na adolescência e por consequência à gravidez. A atitude protectora dos pais em relação a esta temática não nos parece de todo a melhor opção, devendo ser conciliada com o diálogo livre de tabus de modo a não proibir este tipo de acções mas sim a preveni-las e a esclarecer os filhos sobre os contraceptivos existentes. Deste modo, com todos os recursos e exposições aos métodos contraceptivos, quer para evitar DST’s (doenças sexualmente transmissíveis), bem como a gravidez, os pais deveriam ser mais um meio de intervenção para a diminuição da falta de conhecimento destes.
Por um lado, é sempre importante não banalizar este assunto de modo a não incentivar jovens imaturos a terem relações sexuais meramente por curiosidade e por “imitação” ou mesmo “ascensão social”.
O contexto social e familiar tem uma relação directa com o início das práticas sexuais nos adolescentes que iniciam a sua vida sexual precocemente ou engravidam neste período vital.

De acordo com Bandura (1979), quando o comportamento de imitação é positivamente reforçado e respostas divergentes não são recompensadas ou são punidas, o comportamento dos outros começa a funcionar como estímulo discriminativo para o reforço do controlo das respostas sociais.
Dessa maneira, talvez os processos de modelação também possam ser utilizados no controlo da gravidez na adolescência. Embora em alguns casos, a gravidez possa trazer consequências reforçadoras, como o casamento precoce entre adolescentes, muitas vezes traz consequências punitivas a curto e longo prazo, como o convívio com condições económicas precárias devido à imaturidade social e psicológica dos adolescentes para exercerem a paternidade e ao mesmo tempo prosseguirem os estudos (Cunha et al,1999; Wong & Melo, 1987; Fávero & Mello, 1997).

Este filme (Juno) conta a historia de uma rapariga com 16 anos que engravida “acidentalmente” de um grande amigo, Paulie Bleeker , com o qual teve relações sexuais pela primeira vez.
Juno ao deparar-se com a situação decide provocar um aborto, mas ao chegar a clínica muda de ideias.  Como não pretende criar o bebé, começa a procurar em jornais um casal “perfeito” interessado em adoptar a criança de modo a que esta a possa entregar logo a nascença tendo em conta que Juno não se considera capaz de a criar.
Entretanto, acaba por conhecer um casal com boas condições financeiras, disposto a pagar todas as suas despesas médicas e ainda compensá-la no final pela “entrega” do filho.
Ao longo do filme Juno depara-se com diversas situações delicadas e difíceis de conciliar, tendo em conta a sua maturidade. Com o passar das cenas, as mudanças físicas da rapariga reflectem o seu crescimento pessoal e de um modo destemido esta enfrenta os problemas com se vai deparando.

O elenco e desenrolar do filme é bastante animado e retrata de uma forma leve e subtil este tema difícil e polémico, a gravidez na adolescência.
É um filme que fala de toda esta temática sem recorrer a estereótipos e clichés. Trata o assunto central de um modo descontraído e humorístico tornando-o num drama envolto em muita comédia e romance, apresentando sequencialmente todas as fases da gravidez nesta adolescente.
A medida que Juno convive com os futuros pais adoptivos do seu filho, descobre que os adultos nem sempre têm respostas para tudo e que as relações amorosas são muito complexas mesmo entre estes.  

É sem dúvida um filme interessante e cativante que nos apresenta as diversas fases de uma gravidez na adolescência. 
VALE A PENA VER!!  :)

 Aqui fica a última cena do filme... 


Fontes:

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Conversas fúteis"



Gossip” de Norman Rockwell
Tendo em conta que o nosso objectivo é demonstrar como as várias relações humanas contribuem para o nosso desenvolvimento e visto que já abordámos a relação "família-indivíduo" vamos agora "saltar" para um outro tema: as relações do indivíduo com os seus amigos e com a sociedade em geral.
A comunicação é uma boa estratégia para o desenvolvimento humano.

Segundo o estudo Who Do We Tell and Whom Do We Tell On? Gossip as a Strategy for Status Enhancement de MCANDREW et all de Knox College, as "conversas fúteis" ou "fofocas" são uma das maiores distracções entre os indivíduos e melhora o estado dos mesmos.
Estas conversas são de certo modo uma comparação social em que os indivíduos trocam informações sobre outros, fazendo comparações entre si. 
O estudo referenciado, afirma que "as noticias negativas sobre indivíduos de alto nível social ou potenciais rivais e as noticias positivas sobe amigos ou aliados são bastante valorizadas e passiveis de serem passadas para a frente" o que demonstra que a "coscuvilhice" pode de facto servir para melhorar o estado pessoal.

As conversas entre indivíduos são uma forma de nos relacionarmos e um factor importante no nosso desenvolvimento pois fazem-nos superar determinados objectivos, criar visões diferentes e obter novos pensamentos que nos fazem evoluir dia após dia.

Afinal a "coscuvilhice" pode não ser tão indispensável e repugnante como muitas pessoas acham :)


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Geração à rasca



A geração dos nossos pais educou-nos e protegeu-nos das dificuldades da vida dando-nos uma vida desafogada. Mas a verdade que é que a crise chega a todos, e os pais que antes podiam dar tudo, abdicam agora de pequenos prazeres para que os filhos tenham tudo o que “precisam”.
É a geração jovem dos dias de hoje que depois de ter sido tão mimada e tão privilegiada tem tudo enquanto os pais trabalham e dão o litro para que nunca lhes falte nada tal como aconteceu noutros tempos, quando os jovens eram eles.
São os pais que antigamente nos diziam sim a tudo e que estão agora à rasca por não saberem como dizer não. Somos nós que nunca aprendemos a ouvir esse “não” que nos vemos aflitos e afrontados quando este "não" se torna constante.  
A verdade é que a crise chegou, está tudo a rasca. Tudo aquilo que era uma constante no dia-a-dia de muitos, tornou-se num luxo e em algo difícil de concretizar.


Será então correcto dizer que ser pai e mãe é proteger os filhos e dar-lhes tudo? Afinal, qual é o papel deles na nossa vida?

Segundo Freud, os pais são os agentes mais importantes na criação de um indivíduo.  Cabe-lhes o papel de educar, desempenhando habilidades sócio educativas que podem influenciar o comportamento dos filhos.
Silva (2000) identificou as habilidades sócio educativas dos pais como sendo: o diálogo, a expressão de sentimentos de agrado e desagrado, a expressão de opiniões e a solicitação adequada de mudança de comportamento, o entendimento do casal quanto à educação do filho e à participação de ambos os progenitores na divisão de tarefas educativas, o saber "dizer não", "negociar", “estabelecer regras" e "desculpar-se".
Na infância, os pais são os nossos modelos (subjacente a teoria de aprendizagem por observação), por exemplo as  meninas desejam pintar os lábios e usar sapatos altos para se parecerem com as mães. Se os pais observarem com atenção os seus filhos, irão surpreender-se e perceber que a sua maneira de falar, gesticular e comportar é uma replicação dos pais.
A  adolescência é a fase complicada, em que os filhos reclamam dos limites impostos, dizem que nunca são entendidos e que os pais são autoritários, o que os leva a romper as regras. Neste processo manifesta-se o envolvimento dos amigos que tem a mesma necessidade de corromper as regras e pode vir acompanhado do afastamento da família. No entanto, não podemos genarelizar este tipo de atitudes, pois existem adolescentes que têm um comportamento excelente nas relações com os pais e com os outros.
É essencial que os pais transmitam aos filhos que os bens materiais não significam tudo, que o amor e a consistência das relações superam as maiores dificuldades. É preciso que os pais saibam dizer não e que os filhos os compreendam e tal como eles lutem por um futuro mais estável. As extravagancias são de evitar, é preciso aproveitar os recursos que temos enquanto podemos sem os desperdiçar em coisas supérfluas.  
De um modo geral, é de realçar o amor incondicional entre pais e filhos.


O movimento "geração à rasca" demonstra a paixão e a vontade de mudar, de fazer parte de uma solução para a situação precária em que o país se encontra, com a qual todos compactuamos sendo jovens, pais, trabalhadores, estudantes, empregadores... todos temos de nos esforçar para mudar o nosso país, a nossa sociedade porque só com a contribuição de todos iremos desencadear uma mudança com vista a dignificar o nosso futuro e lutar pela nossa estabilidade!
Todos os dias se ouve falar sobre esta manifestação, sobre a nossa geração que está à rasca.. uns concordam outros discordam, outros dizem que não vai dar em nada outros que o povo deve sair a rua mas o que é certo é que todos falam e são poucos os que fazem.
É bom ver que esta manifestação convocada por jovens mas direccionada a todos está a dar que falar. Como geração com o maior nível de formação na história do país não nos podemos abater pela frustração e pelo cansaço mas sim acreditar que temos todos os recursos para proporcionar um futuro melhor para todos, para Portugal.

A união faz a força e juntos podemos protestar por uma solução e ser parte dela! 


Para ouvir e pensar :)
Legião Urbana - Pais e Filhos 
Homens da Luta - A luta é Alegria
Deolinda - Parva que sou